jueves, 19 de mayo de 2011

Nicaragua: Zelaya anuncia possível retorno a Honduras na abertura da 17ª edição do Foro de São Paulo

Foto G. Trucchi/Opera Mundi
Por Giorgio Trucchi - Opera Mundi

A 17ª edição do Foro de São Paulo teve início na noite desta quarta-feira (18/05) em Manágua, capital da Nicarágua e se caracterizou por um forte chamado de partidos e organizações de esquerda latino-americanas em favor da unidade e da integração dos países do continente, com especial destaque para o futuro de Honduras, cuja possibilidade de reingressar à OEA (Organização de Estados Americanos) é iminente. De acordo com o ex-presidente Manuel Zelaya, seu retorno pode acontecer na semana que vem.

“Chegamos a este encontro em meio a uma conjuntura carregada de perigos para a esquerda latino-americana”, afirmou ao Opera Mundi o secretário-executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar. “Os Estados Unidos estão sofrendo uma deterioração de sua hegemonia a nível mundial e estão reagindo adotando uma atitude violenta e intensificando a ingerência na região”.

Pomar falou também sobre o “perigo que a recomposição das forças de direita representa” e a necessidade de se avançar em direção a uma integração latino-americana. “Vivimos uma situação de forte instabilidade, caracterizada por um novo contra ataque da direita”.

Com isso, continuou Pomar, “precisamos fortalecer nossa inteligência estratégica e a capacidade de coordenação, porque o Foro de São Paulo tem um papel fundamental em direção a uma alternativa ao neoliberalismo, a um nível mais avançado da integração e a mudanças que garantam a justiça social para nossos povos”, concluiu.
 
A importância desse processo foi respaldada por Zelaya, durante sua intervenção na cerimônia de abertura do Foro. “A política imperialista gerou destruição para os nossos povos ao longo da história, mas para eles está claro que são seus inimigos, e com isso, estão reagindo”, afirmou Zelaya, deposto em um golpe de Estado em junho de 2009. Ele assinalou que somente no século XX houve 144 golpes de Estado na América Latina e neste século, seis, sendo que quatro contra os países da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas).

“O Foro de São Paulo tem uma árdua tarefa pela frente, contra um sistema vergonhoso que instala bases militares, cria guerras, bombardeia países para se manter. Um sistema que gera pobreza, exclusão social e que é antidemocrático”. Zelaya disse ser importante seguir trabalhando e aprofundando o debate sobre alternativas ao neoliberalismo e ao capitalismo.

Quanto a sua volta a Honduras, Zelaya afirmou que "o processo culmina na próxima semana, e, na próxima semana, se Deus quiser, é possível que nós que fomos expulsos regressemos a Honduras", anunciou Zelaya.

Experiência cubana

O presidente do Parlamento de Cuba e membro do Burô Político do Partido Comunista de Cuba, Ricardo Alarcón, reforçou em seu discurso a busca por um socialismo renovado. “O modelo capitalista e neoliberal, que tanta miséria e dor repartiu com o mundo, está em uma crisis profunda. Uma das causas disso tem sido a América Latina e o Caribe, porque aqui conseguimos demostrar como funcionam processos alternativos”, afirmou Alarcón.

Segundo o dirigente cubano, a tarefa mais importante para os partidos e organizações de esquerda é agora “consolidar estes processos e fortalecer a unidade latino-americana diversificada, para seguir avançando.”

Anfitrião

Ao fim da cerimônia, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, ressaltou a importância da criação, em julho deste ano, da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos). “Não vai ser fácil, mas vamos marcar uma pauta histórica para o continente, para seguir colocando em primeiro lugar os intereses dos povos”.

A segunda jornada do 17º encontro do Foro de São Paulo nesta quinta-feira (19/05) será dedicada aos debates nas 13 mesas de trabalho e à intervenção do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula Da Silva. O documento final do Foro será apresentado nesta sexta-feira (20/5).

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